Pais de menor afetado por troca de medicamentos queriam "poder encerrar este capítulo"
Os pais das crianças desistiram hoje em tribunal da queixa-crime contra as duas profissionais, acusadas pelo Ministério Público de ofensa à integridade física por negligência e de ofensa à integridade física grave. O juiz ordenou o arquivamento do processo. Em declarações à agência Lusa, Samuel Lima, pai do mais velho dos dois meninos afectados pelo acidente, afirmou não ter visto razões para continuar com o caso em tribunal: "Chegámos a acordo em relação à indemnização [cujo montante não foi revelado] e não iríamos obter nada de muito diferente se levássemos isto até ao fim. O processo ia arrastar-se durante anos, sabemos como funciona a Justiça. Queríamos poder encerrar este capítulo", disse.
"Não há dinheiro nenhum que compense uma situação destas. Sabemos que não valia a pena estarmos a batalhar uma série de anos. Aceitámos a realidade. Pusemos uma pedra sobre o assunto", acrescentou. Esta troca de medicamentos fez com que, em vez de um sedativo, tivesse sido administrado aos menores ácido tricloroacético, normalmente usado para estancar pequenas hemorragias, e que provocou queimaduras nos intestinos das duas crianças e também na traqueia, no esófago e no estômago da criança mais velha - cuja saúde, segundo o progenitor, tem tido "altos e baixos".
A depor em tribunal, a médica e a técnica de audiologia assumiram que não leram o rótulo do medicamento que administraram aos dois menores, mas argumentaram que a rotina dos últimos nove anos a realizar aquele tipo de exame, a semelhança entre os frascos e a arrumação indevida do ácido num frigorífico em que não era suposto estar contribuíram para o acidente. A Lusa tentou falar com os pais do menino mais novo, mas até ao momento não foi possível. Segundo os pais, a criança, que na altura tinha 18 meses, está bem.